domingo, 11 de outubro de 2009

O QUE É COLÉGIO INTERNACIONAL DOS TERAPEUTAS?

ROBERTO CREMA

Psicólogo e antropólogo do Colégio Internacional dos Terapeutas, analista transacional didata, criador do enfoque da Síntese Transacional. Mentor da Formação Holística de Base da UNIPAZ. Diretor da Holos Brasil. Educador e autor de vários livros, entre os quais "Análise Transacional Centrada na Pessoa", "Introdução à visão holística" e "Saúde e plenitude". Vice -reitor da UNIPAZ.

Colégio Internacional dos Terapeutas não forma, por isso é preciso compreender a conexão existente entre a UNIPAZ e o C.I.T. Nós precisamos de uma educação para a reconstrução e formação de pessoas na abordagem transdisciplinar holística, que neste caso é a Unipaz. Por isso, a Unipaz é uma instituição, por que fornece diplomas. O C.I.T. é uma rede “trans-institucional” e é totalmente “krishnamurtiano”, por que não tem autoridades, não tem papa... tem um coordenador, que é alguém que cuida de um cadastro, que dá as informações e que existe, como existia entre os Terapeutas de Alexandria, uma consideração aos mais antigos; tanto é que no C.I.T., as pessoas mantêm a data em que foram acolhidas, exatamente como era entre os Terapeutas de Alexandria. Mas não é nenhuma hierarquia, é apenas uma consideração de que “existem pessoas que erraram mais”, que “levaram mais tombos” e que talvez possam facilitar que outros errem um pouco menos. Só isso! O próprio Jean-Yves Leloup, no final do manual diz: “Eu não sou obediência nenhuma, nem pessoal, nem profissional!” O C.I.T. é um espaço de encontro entre Terapeutas já formados, por isso, não é possível participar do C.I.T. sem a Unipaz, e é por isso que um dos pré-requisitos para o C.I.T. é a formação holística de base que atesta que a pessoa, pelo menos por três anos, refletiu sobre um novo paradigma, integrou esse paradigma, ofereceu uma obra prima, e que ao falar sobre abordagem transdisciplinar holística vai saber o que está falando. Por que existem muitas pessoas que falam de holística de forma totalmente alienada. Essa palavra, “holística”, foi muito desgastada: “Terapia holística”, “Massagem holística”, “Alimentação holística”, “Terapeuta Holística”... as pessoas falam de holística para tudo! Tanto é, que nós decidimos que vamos focalizar mais agora, o transdisciplinar. Terapeuta Holístico... Ninguém é terapeuta holístico! Isso é o mesmo que dizer que um médico que é um médico cartesiano newtoniano! A holística não é uma modalidade terapêutica, não é uma filosofia, não é uma ciência, não é uma arte, não é uma religião! A holística é um paradigma que gera ciência, que gera metodologias, que gera filosofias... e se esse pessoal que criou o Conselho de Terapeutas Holísticos tivessem nos consultado teriam feito alguma coisa um pouco mais inteligente. Eu reconheço esse esforço e até digo que eu sou um dos que os criou, que deu um cochilo dos corporativismos que levou que esse pessoal falasse de um conselho geral de terapeutas holísticos. Esse é um ponto interessante que eu acho que eles conseguiram abrir um espaço. Agora, eu espero que essa palavra “terapeuta” não pertença a nenhum conselho, por que essa palavra “terapeuta” veio do deserto e não pertence a nenhuma categoria: nem de médicos, nem de psicólogos, nem de educadores e nem de terapeutas holísticos. Se você faz parte, basta colocar em seu cartãozinho: “Terapeuta com abordagem holística”. Aí, tudo bem! Você tem uma abordagem holística, por que aí é mostrar uma certa fragilidade de inconsistência! Nós não estamos articulando a holística como uma terapia pois isso seria uma miséria! Nós estamos articulando a holística como um novo paradigma que vai facilitar a emergência de novos terapeutas, de novos educadores, de novos sacerdotes, de novos artistas... Então, a Formação Holística de Base é para que uma pessoa que se dirija ao C.I.T. possa honrar essa palavra “holística”! Possa saber do que está falando e sustentar no meio acadêmico o que vem a ser a transdisciplinariedade! É uma exigência mínima, portanto, aquele que estiver participando da Formação Holística de Base, não tenha pressa de chegar ao C.I.T., por que já está no caminho. Quando essa pessoa terminar a formação holística de base e se esse desejo persistir... se a pessoa for um terapeuta “esquisito”, (que em italiano quer dizer aquilo que é belo), procure também por um “terapeuta esquisito” que já faça parte do C.I.T., apresente a sua “esquisitice” através de uma carta, através de uma obra prima e apresente o seu desejo! Se esse terapeuta tiver disponibilidade para te acompanhar, por que na medida em que esse terapeuta aceita o seu desejo,você se faz “terapeuta aspirante” e ele se faz “terapeuta acompanhante” do seu processo. E esse acompanhamento se fará num período nunca menor que um ano. Durante um ano, encontros periódicos acontecendo entre você, como terapeuta aspirante, com o seu terapeuta acompanhante.

O que nos une no C.I.T. são dez orientações maiores sobre antropologia antropologia, ética, silêncio, estudo, generosidade, reciclagem, reconhecimento, anamnese essencial, despertar da presença, fraternidade:
1.Antropologia holística, que é também uma ontoInternacionalogia e cosmologia, implicando no reconhecimento da tríplice condição existencial, físico-psíquico-consciencial, atravessada pelo mistério do Ser;
2.Ética da benção e do respeito à inteireza, jamais reduzindo o ser humano a um rótulo, também cuidando, nele, daquilo que não é doente, a partir do qual uma dinâmica de cura é ativada;
3.Prática diária meditativa do silêncio, visando a centralidade e abertura à transcendência;
4.Prática diária do estudo dos textos contemporâneos e os da sabedoria perene, visando uma permanente atualização;
5.Prática diária da gratuidade, para o exercício da solidariedade, do serviço desapegado ao outro, à sociedade, ao universo;
6.Reciclagem, um compromisso de vivenciar, anualmente, um tempo-espaço de recolhimento para uma revisão, reflexiva e meditativa, do processo de individuação;
7.Reconhecimento da necessidade de ser acompanhado por uma escuta terapêutica, evitando o risco da inflação egóica do julgar-se pronto, estancando o processo contínuo de aprendizagem e aperfeiçoamento;
8.Anamnese essencial, através de registros sistemáticos das vivências, no estado de vigília e no onírico, que evidenciam a presença numinosa do Ser, na existência cotidiana;
9.O despertar da Presença, a tarefa de lembrar o que realmente somos, o Ser que nos funda e informa, através da respiração, da invocação, ou da atenção plena ao instante;
10.A fraternidade, através de um ritmo de encontros para a sinergia, o estudo partilhado, a comunhão meditativa.

Isso pode ser encontrado na introdução do livro “Antigos e Novos Terapeutas”. Depois desse período de um ano de acompanhamento, quando o terapeuta acompanhante e o aspirante, considerarem ambos que a pessoa está pronta, para receber o acolhimento, então, o terapeuta acompanhante escreverá uma carta para o coordenador da América do Sul, e então, uma Casa será indicada. O que é uma Casa? O C.I.T. é concebido assim: quando existir quatro terapeutas e um terapeuta coordenador numa região, então há uma Casa de Terapeutas, aonde eles vão se reunir periodicamente para praticarem a fraternidade, o estudo, a meditação, a contemplação, o canto, a oração, etc... Quando numa cidade tiver quatro Casas e mais uma Casa coordenadora, em tão teremos um Colégio. Quando uma cidade tiver quatro Colégios e um Colégio coordenador, então teremos um Colegiado e este já poderá ter um “Centro de Estudo e de Silêncio”. Poderá ser um Espaço de Retiro, de Acolhimento, de Estudos, de Organização de Eventos, de Congresso, etc... Então, neste momento, o C.I.T. é uma utopia, é algo que está se desenvolvendo! No Brasil já temos uma casa em Brasília e já temos 33 terapeutas na América do Sul.


E o que é “ser acolhido”?

Uma Casa, com quatro terapeutas mais um terapeuta acompanhante; cinco terapeutas estarão num evento intimo, que não é aberto, com uma ética, que apenas a casa terá o conhecimento desse acolhimento, não é divulgado por que é preciso que haja uma ética de respeito, e, o aspirante, primeiro, ritualisticamente vai ser introduzido na casa, o acompanhante vai dizer o que é o C.I.T. e o que são as Dez Orientações Maiores, no ponto de vista ritualístico e depois passar a palavra para o Terapeuta Acompanhante que vai dirigir a Casa durante um tempo que pode variar de 20 minutos ou 1 hora, ou mais. Depois o terapeuta aspirante vai ser convidado a se retirar para refletir sobre o seu desejo e a Casa vai deliberar se o terapeuta aspirante está pronto para ser acolhido ou não. Se estiver pronto, esse terapeuta voltará e através de um ritual muito simples e de muito amor, receberá um manto que lembra que nos seus momentos de intimidade da meditação, ele se envolve nesse manto, e se lembra de que não está só! Esse manto representa a linhagem dos Terapeutas! E eu gosto de interpretar o que é também um mantra, quando você se volta para a sua meditação diária, é para você continuar e cultivar essa presença, essa linhagem e que quando você estiver atuando, não é só você que vai estar atuando: haverá essa egrégora que vai estar te acompanhando. Então, é dessa forma, que Jean-Yves Leloup traz dois pontos dos Terapeutas de Alexandria para o mundo contemporâneo, para a nossa atual Alexandria. Esta é uma breve forma de explicar o que é o C.I.T.
O C.I.T. está em construção; é uma obra em construção!

Roberto Crema
Por ocaisão do Seminário Síntese Transacional e Ecologia do Ser, ocorrido no núcleo São José dos Campos, com as turmas FHB II e III em 06/09/2003

Aloha!
A
vem da própria palavra "Aloha", que significa de forma ampla, bem-vindo; o que é meu, também é seu, compartilhemos juntos;
L
vem da palavra "Lokomaikaii", que significa que o que eu digo vem do fundo do meu coração, banhado em boas intenções;
O
vem da palavra "Oluolu", significa felicidade. Ser feliz é parte de nossa herança;
H
vem da palavra "Haahaa" significando modéstia e submissão. Nós lhe demos boas vindas e fazemos coisas para vocês, porque nos sentimos felizes tendo humildade em lhe servir;
A
vem da palavra, também hawaiana, "A-a-kamaka", que significa que nossos olhos estão abertos, mas nossos lábios fechados. Se você nos tirar alguma coisa, não falaremos nada, mas saberemos o que está se passando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário