REGINA BEZERRA CARVÃO
AEROPORTO
vale! tudo vale!
o céu azul
o bife insosso
as pessoas estranhas
os olhares furtivos
as batatas sem sal
o arroz soltinho
o amor escondido
o deserto em frente ...
À BORDO
O que me importa de fato
não é a biografia
muito menos as radiografias
o que me importa de fato é a ficçao
o inventado
o criado
o incerto e o duvidoso
os relatos reais?
no momento são despresíveis
DECOLANDO
tudo fez e de tudo cuida
é preciso distância para vermos o quanto tudo está bem organizado
os prados, os montes, as varzeas, as campinas
a variação dos verdes, os desenhos das estradas, dos caminhos, das picadas, dos lagos, o serpenteado dos rios
à distância, todas as casas são casinholas, somos todos iguais
aqui e ali uma nuvenzinha esgarçada, outra compacta
todas a prometer a maciez do algodão ....
VOANDO
barquinho azul para iemanjá na imensidão azul do mar
pequenino
me parece de brinquedo
mas é um barco de verdade que cabe homens e peixes
assim como o barquinho azul para iemanjá me parece de brinquedo
as questões, dificuldades e problemas vistos na imensidão da distância
também passam a ser questõezinhas, dificuldadezinhas, probleminhas...
A CHEGADA
tem teto?
não, não tem teto
mas sem teto é bom, sem barreiras para descer
céu de brigadeiro não acho bom
brigadeiro não é marron?
dizem que não ...
ATERRANDO
o sol batendo no meu rosto
pairo acima das nuvens num delicado balanço
abaixo uma neblina forte
tudo fechado, tempo nublado
mas aqui acima das nuvens estou envolta num tule branco
e agora o branco se dissolve e eu vejo o rio de janeiro
sempre bonito faça chuva ou faça sol
EM CASA
a enseada é jóia rara, forma um anel
no círculo redondinho do anel uma pedra fumê é o pão de açucar
cristais citrinos são o morro da urca iluminado...
o círculo redondinho polvilhado de água marinha azulzinha é o mar da enseada
com é belo este rio da luz, rio das flores, rio dos meus amores
rio dos encontros e desencontros
rio tão cantato, exaltado, mal falado, maltratado
rio soberano, antena do brasil
tambor que ressoa nos 4 cantos
domingo, 8 de novembro de 2009
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