terça-feira, 23 de junho de 2009

TERAPIAS COMPLEMENTARES : MEDITAÇÃO E IMAGINAÇÃO ATIVA

REGINA BEZERRA CARVÃO


Proposições e Fundamentação Teórica

Proposta de estudo sobre a utilização da meditação e imaginação ativa como terapias complementares na recuperação e manutenção da saúde, através de análise a ser especificada na metodologia.
Estas práticas terapêuticas estão intimamente ligadas a Psicologia Transpessoal por fazerem parte da abordagem integrativa da Psicologia Transpessoal e por utilizarem-se de outros estados da consciência além da vigília .

Objetivos

OBJETIVO GERAL : Estabelecer o ponto de confluência entre meditação e visualização ativa e os tratamentos médicos convencionais, utilizando como centro emblemático deste estudo pesquisas legitimadas em publicações científicas que demonstrem a eficácia destas três terapias na manutenção e recuperação da saúde.

OBJETIVO ESPECÍFICO : Demonstrar que estas terapias são complementares e não alternativas aos processos terapêuticos da medicina convencional. Neste momento distinguir o alternativo do complementar e mostrar o resultado desta distinção.

Metodologia

Propõe-se um estudo descritivo de conceitos e significados : Meditação e Imaginação Ativa, no contexto da recuperação e manutenção da saúde.
Este estudo se utilizará de levantamento bibliográfico de pesquisas legitimadas por publicações científicas que abordem o tema e contemplará especialmente as similaridades, transposições, ligações, relações e complementaridades que apontem resultados satisfatórios na condução destas três práticas terapêuticas.

Meditação e Imaginação Ativa na Psicologia Transpessoal

Todos os recursos transpessoais aplicados à educação, à clínica, à instituição e a outros contextos que tenham por base os postulados teóricos da Psicologia transpessoal favorecem o equilíbrio de todos os níveis, os níveis comuns de pensar, agir e sentir, e os níveis superiores de pensar, agir e sentir que acontecem de forma elevada, superior, sábia, a nível do supraconsciente “sob a referência da psicologia transpessoal supraconsciente indica uma dimensão superior do inconsciente, com conteúdos positivos, construtivos”.....(Vera Saldanha p. 150)

A Abordagem Integrativa transpessoal trabalha a integração do ser utilizando-se da:

Intervenção Verbal – Este nível representa toda gama de verbalizações, as quais facilitam o estabelecimento de vínculos. Trata-se de uma forma na qual se propicia a presença do eixo experiencial, por meio da razão, emoção, sensação e intuição, e que irá facilitar a manifestação do eixo evolutivo, por intermédio da ordem mental superior, que representa simbolicamente, o aprendiz interno, o eu superior, o seu núcleo saudável e de equilíbrio.
Atua no nível intuitivo e nos níveis mental e emocional.

Imaginação Ativa – Trata-se de uma possibilidade do inconsciente de desenvolver imagens mentais, aparentemente aleatórias, mas que estão sendo criadas e contornadas pelas motivações mais profundas dos diferentes níveis do próprio indivíduo.
Nesta fase, potencializam-se aspectos da consciência de vigília,atualiza-se uma percepção mais ampla da realidade e estimula-se a presença da ordem mental superior.
Atua no nível intuitivo e nos níveis etérico e físico.

Reorganização Simbólica – Esta dinâmica facilita a organização de determinados conteúdos, numa sequência lógica e adequada, seja no aspecto psíquico, temporal ou espacial.
Envolve a imaginação, mas vai além, incluindo : clarificar e organizar metas; organizar os aspectos de direcionamento do psiquismo; favorecer o indivíduo na execução de metas, dando vida às imagens mentais, acionando a intuição e os processos psíquicos inconscientes, os quais transformam esses desejos em realidade, por meio das atitudes no cotidiano.
Atua nos níveis intuitivo e nos níveis mental e emocional.

Dinâmica Interativa – Aqui faz-se um trabalho profundo e significativo, realizado com os conteúdos psíquicos, por meio de sete etapas específicas, as quais são favorecidas na abordagem integrativa transpessoal. Estas etapas são denominadas :

Reconhecimento – um olhar ao redor... ( níveis etérico e físico )

Identificação–são as sensações físicas, sentimentos, pensamentos vivenciados pelo indivíduo a partir do olhar ao redor ( níveis mental e emocional )

Desidentificação – é o discernimento crítico, a análise, a reflexão...( níveis mental e emocional )

Transmutação – quando o conhecimento adquire significados pessoais ( nível intuitivo – ações superiores, sentimentos superiores, pensamentos superiores )

Transformação – a experiência pessoal e a individualidade criadora somadas às vivências das etapas anteriores, transformam-se em um novo conhecimento ( nível intuitivo – ações superiores, sentimentos superiores, pensamentos superiores )

Elaboração – Vem da própria transformação com os “insights” da nova aquisição, através do entendimento global do conhecimento, da situação e das possibilidades que promove o novo ( intuitivo – ações superiores, sentimentos superiores, pensamentos superiores )

Integração – união do conhecimento na vida pessoal, profissional e cotidiana inserindo-se no TODO DO SER ( nível intuitivo – ações superiores, sentimentos superiores, pensamentos superiores ; níveis etérico e físico )

Recursos Auxiliares ou Adjuntos – Dentre estes recursos contemplamos a Oração e a Meditação porque revestem-se de uma importância cada vez maior, facilitam a atualização de níveis de expansão da consciência, especialmente do supraconsciente ( uma dimensão superior do inconsciente, com conteúdos positivos e construtivos); rebaixam o nível de tensão e a ansiedade; promovem uma clareza mental maior e receptividade ao novo, equilibram a produção de hormônios, harmonizam o metabolismo e aumentam as defesas imunológicas.
Atua nos níveis intuitivo,etérico e físico.

Distinção entre Terapia Alternativa e Terapia Complementar

De acordo com o NCCAM- National Center of Complementary and Alternative Medicine (2002), órgão participante do NIH- National Institutes of Health dos Estados Unidos, as terapias complementares e alternativas são um grupo de sistemas médicos e de cuidados à saúde, práticas e produtos que não são considerados parte da medicina convencional.
Há muitas evidências científicas sobre os efeitos das medicinas alternativas e complementares, mas ainda há questões chave a serem respondidas por estudos científicos bem delineados.
Ainda de acordo com o mesmo centro, o termo complementar, significa que a prática é utilizada com a medicina convencional. O termo alternativa significa que a prática é utilizada no lugar da medicina convencional. Portanto, há questões éticas bastante sérias a serem consideradas quando se fala em terapia alternativa, pois pressupõe-se que ela substitui a medicina convencional.
Já o termo complementar e/ou integrativa significa que a prática combina a terapia médica convencional com métodos complementares, para os quais há alguma evidência científica de alta qualidade quanto à segurança e efetividade.

Terapias Complementares no Brasil

Instituições brasileiras têm realizado pesquisas sobre os efeitos das terapias complementares como a meditação e a imaginação ativa.
A UNIFESP organizou em 2008 o l Simpósio Internacional de Medicinas Tradicionais e Práticas Contemplativas, um importante marco para a discussão sobre essas práticas entre profissionais e pesquisadores das áreas de saúde, qualidade de vida e bem-estar.
Recentemente o jornal Folha de São Paulo publicou uma inusitada fotografia do que até pouco tempo atrás seria quase improvável : uma foto de uma mulher em tratamento oncológico, em um importante hospital privado da cidade São Paulo recebendo instruções de meditação.
Portanto, não é mais possível ignorar ou simplesmente discordar da utilização de práticas das Terapias Complementares ou Integrativas. Há sim necessidade de divulgação de pesquisas dessas terapias para que se avalie sua eficácia, compreenda-se os mecanismos de ação de seus tratamentos, uma vez que a população tem se utilizado das mesmas há muito tempo.
O fato é que muitas pessoas buscam novas possibilidades de tratamento, pelas dificuldades de conseguir um atendimento pela medicina convencional, ou por estar insatisfeito pela maneira como caminham os cuidados com sua saúde, ou simplesmente por acreditar que as práticas complementares podem trazer melhor qualidade de vida para o que já recebem dentro do tratamento convencional.
A resposta a este crescente interesse talvez esteja na própria Organização Mundial da Saúde (OMS) que vem estimulando o uso da Medicina Tradicional e das Terapias Complementares nos Sistemas de Saúde de forma integrada às técnicas da medicina convencional em seu documento “Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002-2005” que preconiza o desenvolvimento de políticas observando os requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso racional e acesso.
No Brasil, em 2006, o SUS através da portaria SAS 853 criou o atendimento de práticas integrativas e complementares e neste mesmo ano o Ministro da Saúde publicou uma portaria que institui a PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), ou seja, a política pública oficial do Governo Federal para instalar atendimento em terapias complementares em todas as unidades de saúde no Brasil.
O governo espera ter atendimentos complementares em mais de 80% das unidades do SUS por volta de 2012. Ao mesmo tempo o Ministério da Saúde recomenda que essas terapias complementares sejam incluídas nos currículos universitários das áreas da saúde e que se façam concursos públicos para contratação de profissionais capacitados nessas áreas que possam prestar os serviços desejados.
O Número de municípios que já oferece atendimento em terapias complementares no Brasil é muito pequeno (cerca de 5% do total). Alguns pontos ainda não estão completamente esclarecidos, como por exemplo, qual deve ser a formação básica de cada um desses profissionais e qual deve ser o currículo e a carga horária para ser um especialista. Há ainda um conflito corporativo entre os conselhos de várias profissões da saúde para determinar quais profissionais estão autorizados a praticá-las.
Enquanto isso não fica esclarecido, cada prefeitura usa um critério próprio para escolher seus profissionais, não é a situação ideal, mas sem dúvida significou um grande passo para as terapias complementares e sua maior popularização no país.
A Secretaria Municipal de Saúde de Saúde de Campinas / SP foi uma das pioneiras ao disponibilizar, na sua rede de Centros de Saúde, por meio da Área de Saúde Integrativa, atendimentos de diversas terapias complementares incluindo a meditação .

Meditação e Imaginação Ativa

A meditação e a Imaginação Ativa não pertencem a nenhum caminho, nem religião, fazem parte de nossa natureza humana, são espontâneas e fáceis e são um estado natural como dormir.
Geralmente, em nossas atividades diárias quando temos algum tipo de concentração, é como se meditássemos no que estamos fazendo. A diferença de meditar de olhos fechados é focar a atenção no interior em vez de se focar na ação e de acordo com o Professor Paulo de Tarso Lima “ ao focarmos nossa atenção no momento presente, não há riscos porque não há futuro.”
Não importa o tipo da meditação, seja de que orientação for , independente de origem e religião, os resultados de práticas meditativas legitimados pela pesquisa científica têm-se apresentado sempre benéfico a seus praticantes.
A meditação e a Imaginação Ativa nos conduzem a um estado parecido com o estado do sono, ficamos conscientes, despertos, com a mente alerta, mas em estado de repouso. Com a prática da Meditação e da Imaginação Ativa, deslizamos para um espaço interior tranqüilo, onde relaxamos e entramos em contato com a fonte interior, o Ser interior,
A Meditação e a Imaginação Ativa são pacificadoras porque sua prática regular apaga as tensões e nos dá mais habilidade para enfrentar os desafios, a prevenir doenças, eliminar insônia e a inquietude da mente.
A prática da Meditação e a prática da Imaginação Ativa reduzem o metabolismo – os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e diminui o consumo de oxigênio pelas células alcançando uma sensação de relaxamento e tranquilidade .
O termo “meditação” abrange numerosas tradições culturais e vários métodos de concentração mental, através do controle da respiração, visualizações, imaginação ativa, ou pelo contrário, a não focalização da mente em objetos ou idéias.

Meditação:
Muitas pessoas fazem algumas tentativas para meditar e acham difícil, porque pensam que precisam parar a mente ou porque pensam que logo vão mergulhar em estados de paz celestial e vazio da mente.
A escritura indiana Bhagavad Gita, diz que “ a mente é mais forte do que um vento e como ninguém pode parar o vento, apenas observá-lo, senti-lo e deixá-lo fluir, assim também devemos proceder com a nossa mente durante a meditação.”
A chave da meditação é observar a mente, observar os pensamentos, sem se preocupar com eles, sem lutar contra eles. O primeiro passo para a meditação é parar o corpo, silenciar a atividade física, aquietar a mente, ou pelo menos reduzir seus ruídos interiores.
Ao longo da história, a pratica da meditação tem objetivado a redução das tensões negativas nos planos conscientes e subconscientes, assim como facilitar a integração do indivíduo em seu ambiente físico, social e psicológico.

Imaginação Ativa

A imaginação ativa é a capacidade de “ver” na sua tela mental uma cena, ou de elaborar um cenário a partir dos sentidos internos. Como os sentidos geralmente estão mais focados no mundo externo, para focá-los internamente muitos precisam de uma ajuda externa, ou seja, uma pessoa ou um roteiro que conduza esta prática .
Durante a Imaginação Ativa quanto mais específico e mais detalhado for a descrição do cenário, movimentos, cores, formas, aromas, gostos, texturas, ruídos, pessoas, maior será a capacidade de alcançar o objetivo de ativar os sentidos internos .
Na Imaginação Ativa é o nível de detalhes que vai fazer com que o indivíduo domine seus movimentos e encontre mais facilidade em construir e visualizar todas as imagens sugeridas e solicitadas pelo condutor da prática .
Como resultado desta prática alcançamos o relaxamento, que tem a função de proporcionar a sensação de bem estar ao indivíduo, além de possibilitar a obtenção, mesmo que só através de imagens, daquilo que ele deseja e/ou precisa naquele momento.
Ao colocarmos nossa atenção no mundo interno, seja pelo método da Meditação como pelo método da Imaginação Ativa estamos nos programando para as modificações que vão nos aproximar de nossos objetivos, a curto prazo ou a longo prazo, porque hoje sabemos que o cérebro usa sempre o mesmo “caminho neuronal” que entra nos hábitos de raciocínio e comportamento.

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